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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mensagem de fim de ano!



Dentro de alguns dias estaremos no último dia do ano de 2010...
e depois da meia-noite, virá o Ano Novo... 
O engraçado é que - teoricamente - continua tudo igual...


Ainda seremos os mesmos.

Ainda teremos os mesmos amigos.
Alguns o mesmo emprego.
O mesmo parceiro(a).
As mesmas dívidas (emocionais e/ou financeiras). 

Ainda seremos fruto das escolhas que fizemos durante a vida.
Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano...



A diferença, a sutil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite, do dia 31 de dezembro de 2010, teremos um ano IN-TEI-RI-NHO pela frente!


Um ano novinho em folha! Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever. 


Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé...


Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos...
365 dias para fazermos o que quisermos...


Sempre há uma escolha... 


E, exatamente por isso, eu desejo que vocês façam as melhores escolhas que puderem.


Desejo que sorriam o máximo que puderem. 
Cantem a música que quiserem. 
Beijem muito. 
Amem mais. 
Abracem bem apertado.

Curtam muito a sua família. 
Durmam com os anjos. 
Sejam protegidos por eles. 



Agradeçam por estarem vivos e terem sempre mais uma chance para recomeçar.
Agradeçam as suas escolhas, pois certas ou não, elas são suas.
E ninguém pode ou deve questioná-las.



Quero agradecer aos amigos que eu tenho. 

Aos que me 'acompanham' desde muito tempo. 
Aos que eu fiz este ano. 
Aos que eu escrevo pouco, mas lembro muito. 
Aos que eu escrevo muito e falo pouco. 
Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria. 
Aos que moram perto e eu vejo sempre. 
Aos que me 'seguram', quando penso que vou cair. 
Aos que eu dou a mão, quando me pedem ou quando me parecem um pouco perdidos.
Aos que ganham e perdem.
Aos que me parecem fortes e aos que realmente são. 
Aos que me parecem anjos, mas estão aqui e me dão a certeza de que este mundo é mesmo divino. 



Obrigado por fazerem parte da minha história. 


Espero que 2011 seja um ano bem mais feliz, amoroso e próspero para todos vocês!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Então é Natal!


feliz natal-arvore-cartoes-gifs





Estou indo passar o Natal com minha mãe, minhas irmãs e sobrinhos em São José do Rio Preto/SP. Deixo aqui o meu beijo carinhoso a todos/as!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Espiritismo e a Universidade - Por Dora Incontri


Se os acadêmicos espíritas brasileiros compreenderem de fato a que vem o espiritismo, perceberão que o pensamento espírita – assumido como uma visão de mundo, um método de conhecer e, portanto, um novo paradigma – é justamente uma possibilidade original de filosofar, de fazer história ou ciência. E essa originalidade pode ser uma contribuição espírita à cultura brasileira e, ao mesmo tempo, uma contribuição brasileira à cultura internacional. Mas ela precisa ser construída. Está implícita em Kardec, mas longe de estar aplicada (com todas as suas articulações) nas várias áreas do conhecimento. E essa construção só pode ser feita na universidade. Em minha tese de doutorado Pedagogia espírita, um projeto brasileiro e suas raízes histórico-filosó ficas (USP, 2001), procurei fazer isto. Não significa jogar fora as conquistas de 2500 anos de desenvolvimento filosófico e científico (que vêm desde os gregos), apenas para sermos originais.

Aliás, o próprio espiritismo – poderão alegar – é uma doutrina importada da França, com antecedentes e condicionamentos históricos. Mas, encarando essa herança como parte constitutiva de nossa cultura (pois é isso que se tornou) e buscando articular o pensamento espírita na sua coerência, originalidade e com nossa pitada de brasilidade, faremos o que nos compete para que o espiritismo dê a sua contribuição ao mundo.

O Brasil é atualmente o único país que pode fazer isso, se abdicarmos da colonização intelectual, pois foi na Europa e nos EUA que os estudos espíritas foram silenciados. Na educação, fiz isso, mostrando que as raízes da pedagogia espírita vêm desde Sócrates e Platão, passando por Comenius, Rousseau e Pestalozzi, para desembocar em Rivail. Mas apontei a contribuição original, brasileira, de Eurípedes Barsanulfo, Herculano Pires, Anália Franco, Tomás Novelino, Ney Lobo, Vinicius, como exemplos de uma nova pedagogia. Há que se fazer o mesmo em outras áreas e alguns já têm tentado isso. Um bom sinal é que tenho recebido e-mails do Brasil inteiro de jovens que já fizeram ou estão em vias de fazer monografias e dissertações sobre o espiritismo. Mas é preciso uma coragem moral, que às vezes os acadêmicos acomodados em suas cátedras não querem assumir, pois trata-se de desafiar o sistema, discutir idéias, condenadas por uma certa conspiração do silêncio.

À coragem moral, deve-se aliar a competência, porque é preciso estar muito bem fundamentado para se fazer validar, ou pelo menos respeitar, algo fora do sistema. Estar fora do sistema explica-se em países onde o espiritismo desapareceu. Mas onde ele criou raízes e tem convicções entre pesquisadores, por que mantê-lo afastado da universidade, como se fosse suspeito?

O momento é propício e urgente para abrirmos caminho. Propício, porque podemos alegar que a representatividade social e cultural que o espiritismo adquiriu na sociedade brasileira lhe dá o direito de ser representado na universidade, como um discurso científico, ou ao menos filosófico. Se não nos deixarem fazer isso, então se trata de patrulhamento ideológico, que devemos denunciar. Urgente, porque, em benefício do próprio espiritismo, temos de compreendê-lo e praticá-lo como fermento cultural, para mudar as estruturas do pensamento humano e não apenas como mais uma religião que distribui passes, sopa e água fluida. Temos de fazê-lo, como queria Kardec – ciência, filosofia, ética racional, religiosidade universal, de forma competente e bem articulada – o que é indispensável para enfrentarmos a crítica de fora, mas impossível, se ficarmos fechados em nós mesmos.

Espanta-me que intelectuais espíritas, que deveriam compreender o espiritismo como um novo paradigma de conhecimento, o adotem apenas como credo religioso. São cientistas na universidade e espíritas no centro espírita, como se freqüentassem mais uma igreja, sem nenhuma conexão com suas vidas de pensadores e pesquisadores. Apenas se vencermos essa covardia ou cegueira, o espiritismo cumprirá sua missão histórica, que não é a de fazer proselitismo, mas de oferecer uma alternativa de visão de mundo respeitável e reconhecida, que se faça valer nesse espaço tão rico e antigo como a universidade, recuperando- a como um lugar de debate plural para enfrentar os desafios deste milênio.

Fonte: http://universidade-espirita.blogspot.com/2008/11/o-espiritismo-e-universidade-por-dora.html


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes – Morto a facadas em Universidade de Belo Horizonte.


Alguns meses atrás  eu escrevi, neste espaço, sobre “O Aluno Cliente”, onde faço algumas reflexões como estas, que o Professor Igor escreve aqui, com muita propriedade.

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que traumatiza".

A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha". Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é
o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar `tudo isso que está aí'; "mais importante que ter conhecimento é ser `crítico'."

 Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno–cliente...
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo".

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos,equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos"e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a  proliferação de cursos superiores completamente sem condições,
freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e
moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os "cabeça – boa" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos:

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados,tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro".

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo."

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.


Igor Pantuzza Wildmann

Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

sábado, 18 de dezembro de 2010

CENÁRIOS DE NATAL

O fim de ano traz de volta a questão que fecha o célebre soneto de Machado de Assis: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”.

Alguns dizem que mudamos sempre para sermos os mesmos. Somos nós que mudamos  ou mudam as circunstâncias?

Alguém pergunta: e se Jesus nascesse hoje? Ele, decerto, seria o mesmo:  pobre, excluído, perseguido.

Mas a cidade seria muito diferente: condomínios fechados, prédios com  seguranças, casas com cercas elétricas sobre os muros e nenhuma estrebaria
O presépio teria lugar sob alguma marquise ou debaixo de um viaduto. Não  havendo cocho nem palha, o berço seriam caixas de papelão.
Na falta do calor dos animais, o fogo aceso em latas por moradores de rua  que tomariam o lugar dos pastores.

Em vez de ouro, incenso e mirra, o que teriam esses magros substitutos dos  Reis Magos para oferecer ao Menino e a seus pais?

Um gole de cachaça, um marmitex requentado, uma pedra de crack?

Há quem até tire de cena esse dramático presépio para compor um quadro  trágico, como o poeta Gabriel Bicalho que vê Maria “na fila do sus /  abortando jesus!”.

Vamos prosseguir com cenários mais otimistas: Jesus nascendo em uma barraca,  num campo de refugiados mantido pela ONU. O rei Herodes é agora apenas uma figura bíblica, mas existem poderes que  cedem à xenofobia.

Talvez a sagrada família esteja fugindo com imigrantes ilegais na América do  Norte, junto a ciganos e muçulmanos na  Europa ou no meio de tribos derrotadas na África, para escapar da prisão ou  de um serviço completo de limpeza étnica.

Pode ser ainda que Jesus cresça na favela e que, não querendo se tornar  serviçal dos traficantes, seja um dos meninos a entregar bilhetes  de boas-vindas aos soldados que trazem a possibilidad e da paz. Ou quem  sabe, em outro cenário de conflito, Jesus seja um dos alunos da escola do  MST que se destacou no ENEM? Talvez, por fim, Jesus tenha vindo morar, adotado,  em nossa casa. Ele é “a criança tão humana que é divina”, como no poema de Fernando Pessoa: “é o divino que sorri e que brinca”.
 
Quando assiste ao telejornal ao nosso lado, ele  “ri dos reis e dos que não são reis, tem pena de ouvir falar das guerras e
dos comércios”. Ele brinca com nossos sonhos, dizendo  “que não há mistérios no mundo” e que a vida vale a pena.

Afonso Guerra-Baião

OBS: Recebido através de e-mail, enviado por minha amiga Bete Pupin


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Estudantes comemoram aprovação dos 50% do pré-sal para educação!


Após meses de ampla campanha realizada em todo o Brasil pelas entidades estudantis em defesa do patrimônio brasileiro, o grito das ruas finalmente ocupou as galerias da Câmara Federal e levou os deputados a uma decisão histórica. Por 204 votos a favor, 66 contra e duas abstenções, o Congresso Nacional aprovou na noite da quarta-feira (1) o projeto de lei do pré-sal que cria o Fundo Social e muda o sistema de exploração do petróleo de concessão para partilha.

Tema original do Projeto de Lei 5940/09, o Fundo Social, criado com a aprovação do substitutivo do Senado, terá recursos da exploração do petróleo do pré-sal para aplicação em programas sociais. O texto aprovado reserva metade do dinheiro para programas de educação. Desse total, 80% deverão ser direcionados à educação básica e infantil.

As entidades União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) comemoram a aprovação do projeto como uma vitória histórica para os estudantes, professores e todos que lutam para aumentar os recursos destinados à educação brasileira, com objetivo do país alcançar 10% do PIB em investimentos na área.

Desde que foi anunciada a descoberta da camada pré-sal e seu potencial, as entidades estudantis defendem que essa riqueza permaneça nas mãos dos brasileiros, reparando um erro histórico que o pais cometeu em determinados ciclos de riqueza.

Dívida histórica

“Não há política pública mais efetiva do que a Educação”, defende o presidente da UNE, Augusto Chagas. “É uma grande oportunidade saldar uma dívida histórica com os brasileiros, com real investimento em Educação. Esse patrimônio deve servir ao país!”. Chagas lembra que não pode acontecer com o pré-sal o que já houve com o pau-brasil, com o café, exemplos de ciclos econômicos que estão registrados nos livros de história mas não se traduziram em benefícios à população.

“É uma grande vitória. Investir em educação é construir uma nação forte e soberana”, declarou o senador Inácio Arruda nos primeiros minutos da manhã desta quinta-feira. Arruda é autor da emenda que diz que 50% do total da receita destinada ao Fundo Social “deverão ser aplicados em programas direcionados ao desenvolvimento da educação". “Fico muito feliz de ter tido a oportunidade de contribuir para a transformação de nossa realidade através da educação”, completou a co-autora do texto, senadora Fátima Cleide (PT-RO).

Muita celebração e congratulações circularam na web pelo microblog Twitter, ferramenta que o movimento estudantil usou para alertar os brasileiros e sensibilizar parlamentares durante grande mobilização da cibermilitância que desencadeou uma guerrilha virtual capitaneada pela UNE.

Agora, é pressionar o executivo

Para o presidente da UBES, Yann Evanovick, essa é a vitória de uma geração. “Após a conquista do volto aos 16, essa foi a nossa maior vitória. Precisamos reafirmar o nosso posicionamento para que consigamos a sansão presidencial. E essa mobilização tem de ser feita de forma maciça pelo movimento estudantil e a juventude brasileira, para que o presidente Lula se sensibilize com essa necessidade e não vete os 50% do Fundo Social do Pré-sal para a Educação”, convocou.

"A conquista de 50% do Pré-Sal pra Educação é motivo de muita comemoração para a ANPG. Há muito estamos construindo essa campanha em conjunto com a UNE e a UBES. É hora do Brasil pagar de uma vez por todas a dívida histórica com a Educação. A expectativa agora é que haja investimentos em Conhecimento Científico, através do aumento de bolsas de Iniciação Científica, por exemplo. Popularizar a ciência no Brasil é necessário! A batalha das entidades estudantis continua", destacou a presidente da ANPG, Elisangela Lizardo.

Histórico de lutas pelos 50% do pré-sal para a educação

Foi em março deste ano, durante a Conferência Nacional de Educação (Conae), que a emenda dos 50% do pré-sal para a educação tomou corpo e foi protocolada no parlamento. Enquanto estudantes batalhavam no auditório Ulysses Guimarães para aprovar textos na Conae que garantissem mais financiamento da educação, diretores da UNE e a da Ubes coletavam assinaturas de senadores para apresentação de emenda ao PL da Câmara que cria o Fundo Social, destinando 50% para a educação. A emenda, de autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e da senadora Fátima Cleide (PT-RO) foi aprovada em junho na Casa. No texto ficou assegurado que dos recursos, 80% deverão ser direcionados à educação básica e infantil e o restante no ensino superior.

Mas essa mobilização teve início bem antes. Em setembro de 2009 a UNE lançou a campanha que ganhou corações e mentes em território nacional e conseguiu unificar uma pauta de mobilização de todo o movimento educacional. O tema: “50% do Fundo social do Pré-Sal para educação e por um novo marco regulatório do petróleo com monopólio estatal”.

Para o presidente da UNE, essa bandeira que a entidade passou defender coloca os estudantes “novamente como protagonistas de um momento ímpar para o Brasil”, a exemplo da histórica campanha “O Petróleo é Nosso” que culminou na criação da Petrobras.

Debates pelo país foram realizados pela UNE para esclarecer o objetivo da campanha e conscientizar os brasileiros sobre a necessidade de que essa riqueza fique nas mãos dos brasileiros.

Destaque ainda para a jornada de lutas 2010, que teve papel fundamental na mobilização da rede estudantil pelos “50% do pré-sal para a Educação”. Essa foi a principal bandeira, defendida nas ruas de todas as capitais.

Fonte: Estudantenet

OBS: Notícia recebida, por e-mail, através da minha ex-aluna Naara.

domingo, 12 de dezembro de 2010

PRÊMIO DARDOS

Pela segunda vez este Blog recebe o Selo do Prêmio Dardos. Desta vez oferecido por Erenílza do Blog "Serviço Social e Cidadania": http://servicosocial-erenilza.blogspot.com

"O Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada Blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, . literários, pessoais, etc...que em suma, demonstrem sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras e suas palavras. Este selo foi criado com a intenção de promer a confraternização entre os Blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor a web."

Obrigada Erinilza!

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Rio de Janeiro tem duas guerras


Desde que teve início, a operação realizada nos morros do Rio de Janeiro é uma das únicas coisas que se ouve falar nos jornais. Em pouco tempo o assunto já não valerá mais nada e será descartado pela mídia. Esse comportamento vampiresco dos grandes meios de comunicação é deveras prejudicial ao Brasil, e o caso do Rio é um grande exemplo disso.

Os números de mortos e feridos se amontoam nos jornais – não há novidades, as matérias são quase as mesmas. O dia a dia dos policiais da operação é o mais novo reality show da TV brasileira, e no primeiro dia da ocupação, o Jornal Nacional poderia ter mudado de nome para Big Brother Favela. “A guerra no Rio de Janeiro” é uma das mais repetidas frases de efeito. Mas, afinal, de que guerra que estamos falando?

Desde quando a escravidão foi se tornando insustentável e o capitalismo foi ganhando força,  os pobres e escravos alforriados foram ocupando as margens da cidade e a periferia. O morro também é periferia, mas uma periferia vertical é que são periferias verticais. Falta de escola, emprego, justiça, saúde, e até comida existiram por ali desde sempre. Falta de Estado, de poder público. E como sabemos, se o Estado não assume o poder, alguém vai assumir. No caso dos morros, foi o tráfico quem assumiu uma boa parte.

E não digo traficantes, mas o tráfico mesmo. O traficante, por mais poderoso que pareça, é só mais um fantoche, um soldado que mata e que morre em nome de uma rede invisível maior, que também lava dinheiro, compra políticos, faz tráfico de órgãos, de seres humanos, realiza travessias internacionais com cargas enormes de drogas e armas, e tem sucursais em diversos países. Mas a maior parte do poder na favela foi assumida pela fome, pela ignorância, pelo desemprego e pela doença, que fazem, de longe, mais vítimas que
o tráfico de drogas.

Combater traficantes é isso: aproveitar um momento para entrar no morro, na base de tanques e balas, numa apoteose da violência legitimada. Combater o tráfico é uma outra coisa: num mundo capitalista, o dependente químico é o cliente, a droga é a mercadoria, e o tráfico é o mercado.

Os traficantes são apenas mercadores da droga, e a lei da oferta e procura continua imperando. Dessa forma, enquanto não há saúde e políticas públicas para tratar dependência química, a droga seguirá como uma mercadoria de alta procura e extremamente rentável. A reorganização do tráfico é uma forte pressão feita por diversos segmentos da mesma sociedade que hoje o execra.

Infelizmente  o combate mais importante para a favela até hoje não foi travado pelo Estado. Por mais violenta que seja, a realidade do tráfico de drogas não é capaz de ser mais violenta do que uma criança morrendo de fome, ou o analfabetismo político. Essa guerra está distante de ser enfrentada, e como já dizia o controverso Capitão Nascimento “O único braço do Estado que entra na favela é a polícia”.

Depois da ocupação, alguns agentes de saúde até subiram o morro, mas isso não representa nem o mínimo. Essa munição não faz nem cócega no batalhão da anti-cidadania que assola as favelas. Além do mais, a ‘guerra’ que se vê na TV não foi decretada em combate ao tráfico de drogas, e nem em nome do povo, para que a dignidade ocupe o espaço deixado pela saída dos traficantes.  Sem nenhuma ingenuidade, essa foi uma ocupação ‘pra inglês ver’, literalmente, pois as olimpíadas e copa do mundo estão quase chegando, e mais próxima ainda está a consagrada virada de ano no Rio, quando a cidade enche de turistas, turistas que não pensarão duas vezes em mudar de destino caso se sintam inseguros. Além da bandeira do Brasil e do estado do Rio, hasteadas no cume do morro, deveria ter sido hasteada em um mastro mais alto a bandeira verde com um cifrão bem robusto no meio. Dinheiro, capitalismo. Os grandes comandantes dessa guerra.

Quando o Big Brother Favela perder a graça, a mídia vai jogar fora esse assunto. Justo no momento de mais importância: o de ver o que ocupará o lugar dos traficantes no morro. E agora, sem o sangue jorrando ladeira abaixo, sem a visibilidade do tráfico que invadia até o lugar das elites com suas drogas, quadrilhas organizadas e bem equipadas, que visibilidade vai ter aquela população da favela, que agora não tem voz para chorar sua dor nem com gritos de bombas e tiros? Pelo visto, a verdadeira guerra não será televisionada.

Assistente social e escreve também no blog:
www.cartadesmarcada.blogspot.com

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO MINEIRA SE DESTACA EM PROVAS!

Relatório sobre Avaliação de Alunos mostra evolução importante do Estado.

Foi divulgado nesta terça-feira (7) o relatório preliminar do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), ano base 2009. Elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o documento aponta o Brasil como um dos três países que mais evoluíram em educação na última década e Minas como um dos estados que alavancou esse crescimento conquistando o primeiro lugar entre os demais do sudeste e o quarto nacional.

A prova do Pisa analisa os conhecimentos de estudantes de todos os estados brasileiros nas áreas de ciências, leitura e matemática. No relatório, o Brasil conseguiu média 33 pontos maior que a obtida em 2000 e ficou com 401 pontos. Minas Gerais ficou bem acima da média nacional, com 422 e no ranking dos estados brasileiros só fica atrás do Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Minas Gerais, ao contrário dos estados do Sul que são bastante homogêneos, tem muitas diferenças regionais e, mesmo assim, está sempre bem colocado nas avaliações. O resultado do Pisa é compatível com os bons resultados que temos nas avaliações nacionais", explica a secretária de Estado de Educação, Vanessa Guimarães Pinto.

Como funciona

O Pisa é realizado a cada três anos. Entre 2006 e 2009, Minas Gerais deu salto significativo. Em leitura, o Estado passou de 413 para 431 pontos, em matemática subiu de 386 para 408 e em ciências cresceu de 406 para 429. Esses resultados fizeram com que a média de Minas subisse de 401 para 422 em três anos. Segundo Vanessa Guimarães, Minas pode e deve contribuir para o crescimento da média do Brasil na avaliação. "A meta de crescimento do País para 2012 é alcançar a média de 417 pontos. Minas Gerais já superou esse patamar, mas precisa continuar crescendo de forma sólida para ajudar a alavancar a meta nacional", analisa.

http://www.iof.mg.gov.br/cultura/cultura/Educacao-mineira-se-destaca-em-provas.html

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

10.000 Acessos!

Para vocês levarem!




Alcançamos a marca de 10.000 acessos neste Blog!

Comemore comigo, afinal você é o principal responsável por esse sucesso!

Obrigada a todos/as!

Beijos....




domingo, 5 de dezembro de 2010

Eseba receberá 785 laptops para 2011


Os 691 alunos e 57 professores do ensino fundamental da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba) vão contar com uma ferramenta didática especial, a partir do ano que vem. Cada um deles terá o seu próprio laptop (computador portátil) para usar na escola e até levar para casa. Ao todo, 785 computadores vieram por meio do Programa Um Computador por Aluno (Prouca) do Ministério da Educação (MEC) que busca a inclusão digital. A Eseba será a primeira instituição de ensino de Uberlândia a fazer parte do programa.

De acordo com a diretora da escola Elizabet Rezende de Faria, a ferramenta será usada assim como os livros didáticos. Os alunos ficarão com o equipamento pessoal enquanto estudarem na escola. 

“Temos ideias de implementar de acordo com a proposta pedagógica de cada nível de ensino. Vai promover uma maior interação entre alunos, professores, até com outras escolas do Brasil e do mundo. Acredito que também vai motivar ainda mais os alunos a estudar”, afirmou.

A proposta é para que os laptops comecem a ser usados em meados do primeiro semestre. Segundo a diretora, a escola precisará passar por algumas reformas estruturais para a implantação da nova ferramenta. “Teremos que ampliar nossa rede elétrica e de internet e capacitar os professores para usarem o laptop. Além disso, precisaremos de mais monitores e estagiários para dar manutenção nas máquinas”, disse Faria.

Laptops

Os aparelhos foram fabricados pela CCE e custam cerca de R$ 550. Todos eles operam na plataforma gratuita Linux e têm telas de sete polegadas, 512 Mb de memória e baterias com autonomia de três horas. Os laptops terão programas para processamento de textos, edição e visualização de imagens, acesso à internet, entre outros (veja a tabela).

Alunos aprovam ferramenta
Para os professores, a nova ferramenta será muito válida para o ensino. “Essa geração já é adepta da tecnologia, mas ainda hoje alguns não têm acesso. Assim, todos terão oportunidade e vai melhorar muito o ensino”, disse Venilton Gonçalves, 53, professor de informática.

Nickolas Ferreira e Ana Luiza Alves, ambos de 8 anos, são alunos do 2º ano e, para eles, ter o próprio computador é definido com o termo, “legal”. “Vai ser muito bom para fazer pesquisas e estudar em casa sem ter que usar o computador do meu pai”, disse Nickolas. “Vai me incentivar a estudar mais”, disse Ana Luiza.

Laptosp não substituem papel e lápis

Implantado em 2007 pelo MEC, o Prouca forneceu laptops em um projeto piloto para escolas de São Paulo, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e de Tocantins. Em 2010, 300 escolas do país foram beneficiadas. Mas, na prática, a ferramenta não deve substituir os tradicionais, papel e lápis.

De acordo com a diretora da Eseba, Elizabet Rezende de Faria, os computadores serão ótimas ferramentas de apoio. “Tem coisas que não podem ser substituídas. Se isso acontecer, será um equívoco. A criança que está em fase inicial de aprendizado só aprende com o concreto, só o mundo virtual não é suficiente”, disse.

O professor de Filosofia Rones Aureliano compartilha do mesmo pensamento e afirma que, em sua disciplina, que trabalha com ideias, continuará sendo necessário algo mais dos alunos. “Será uma ferramenta de auxílio em sala de aula, mas a reflexão depende de cada aluno”, afirmou.

Especificações Laptops

Gerais
Sistema Operacional Linux
7 polegadas de tela
512 Mb de memória
Bateria com autonomia de 3 horas

Programas
- Processamento de textos com recursos para uso de imagens gráficas e tabelas
- Planilha eletrônica
- Edição e visualização de imagens
- Navegador web compatível com plugins Java e Flash
- Jogos educacionais como xadrez e palavras cruzadas
- Leitura de PDFs
- Reprodução de arquivos de som e vídeo

Fonte: Jornal Correio de Uberlândia.


sábado, 4 de dezembro de 2010

O LEGADO DA DRA. ZILDA ARNS


Se milhares de jovens e adultos brasileiros e estrangeiros sobrevivem, hoje, às condições de extrema pobreza em que nasceram, devem isso em especial à dra. Zilda Arns. Conheci-a através de seu irmão, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, hoje arcebispo emérito de São Paulo. Trazia sempre nos lábios um sorriso tímido, a fala mansa, suave, e, apesar dos gestos contidos, manifestava profunda firmeza de caráter, clareza de objetivos e fé cristã.      

Na virada das décadas 1970-1980, o Brasil se redemocratizava e a sociedade civil se reorganizava. A Igreja Católica, através da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ampliou o leque de suas pastorais específicas e adicionou - à da terra, dos migrantes, dos operários, da juventude etc. -, a Pastoral da Criança, proposta por Zilda Arns, médica pediatra especializada em saúde pública.      

Fundada em 1983, hoje a Pastoral da Criança atua em 20 países, principalmente junto a famílias de baixa renda, onde acompanha as gestantes, os partos, o desenvolvimento das crianças de zero a 6 anos de idade.       

Inspirada na metodologia de Paulo Freire – os pobres como sujeitos sociais e políticos de sua emancipação da pobreza – a Pastoral da Criança criou uma extensa rede de voluntários a partir da capacitação dos pais das crianças atendidas. O beneficiário de hoje é o agente multiplicador de amanhã, responsável por acompanhar de 10 a 15 famílias vizinhas prestes a ter bebê, orientando-as em ações básicas de saúde, vacinas, cuidados pré e pós natais, nutrição, educação e cidadania      

Em 2004, Zilda Arns criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença nem ociosa espera da morte.

 
Alcance do trabalho 

No Brasil, já foram atendidas pela Pastoral da Criança, em 27 anos de atuação, 1,6 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios, graças à dedicação de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres. Zilda Arns fez, sim, o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde a Pastoral da Criança chega, no primeiro ano o índice de mortalidade infantil cai em torno de 20%.       

Estima-se que, no exterior, a Pastoral da Criança já salvou a vida de ao menos 200 mil bebês. Na América Latina ela se faz presente no Paraguai, Argentina, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala e também no Haiti, onde sua fundadora encontrou a morte – em plena trincheira de trabalho para salvar vidas - a 12 de janeiro último, em decorrência do terremoto que arruinou aquele país do Caribe. Na África, a Pastoral atua na Guiné-Bissau, Moçambique e Guiné; e na Ásia, nas Filipinas e Timor Leste.


Fome Zero

Trabalhei com Zilda Arns em 2003/2004, quando a Pastoral da Criança se fez parceira, de primeira hora, do Fome Zero. Ela tinha muito a nos ensinar. Crianças nascidas em situação de extrema pobreza são salvas da desnutrição e da diarreia graças a medidas simples, como a pesagem periódica de bebês, o soro caseiro e a farinha multimistura, preparada com sementes e “restos” de alimentos, como talos de verduras, cascas de frutas e ovos. O custo criança/mês é inferior a R$ 1,7.       

Graças à intensa mobilização suscitada pelo apelo de combate à desnutrição, o Fome Zero recebia inúmeras doações. Certo dia ligou um empresário de Birigui (SP), disposto a doar 100 mil pares de calçados para crianças. E, como tantos doadores, queria visibilizar o gesto em Brasília, em vez de destiná-la diretamente aos municípios priorizados pelo programa. Logramos convencê-lo do contrário.      

Roberto Guimarães, que trabalhava com Oded Grajew e comigo no gabinete de Mobilização Social da Presidência da República, ficou encarregado de monitorar a operação. Qualificado em consultoria de processos, contatou os Correios, que se prontificaram a despachar os sapatos. Mas... a que endereços?       

Sugeri que recorresse à Pastoral da Criança. Duas semanas depois ela nos enviou nome e sobrenome de 100 mil crianças, os respectivos endereços e – acreditem! - o número do pezinho de cada uma, especificando se era do sexo masculino ou feminino. Ficamos admirados frente a tamanha capilaridade e eficiência do movimento criado por Zilda Arns. Roberto Guimarães comentou que nem o acervo de presentes de Papai Noel era tão organizado...

No lançamento do Fome Zero, em 2003, Zilda Arns discordou de se exigir dos beneficiários comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Oded Grajew e eu a apoiamos, concordamos que apresentar comprovantes não era relevante, valia apenas como forma de se verificar resultados. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários.           

Em março de 2004, o governo decidiu esvaziar o Fome Zero, que tinha caráter emancipatório, e introduzir o Bolsa Família, de caráter compensatório. Zilda Arns, preocupada, convocou-me a Curitiba, sede da Pastoral da Criança, para reunião com ela, José Tubino, da FAO, e dom Aloysio Penna, então arcebispo de Botucatu (SP), que representava a CNBB. Tratamos das mudanças na área social do governo, em especial da decisão de se acabar com os Comitês Gestores do Fome Zero, já implantados em cerca de 2 mil municípios, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública.      

Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social.     

Acreditava que as políticas sociais do governo só teriam êxito consolidado ao combinarem políticas de transferência de renda e mudanças estruturantes, ações emergenciais e educativas, como qualificação profissional.      

Em artigo que divulgou por ocasião da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Olinda, a criadora da Pastoral da Criança alertou que a política social “não deve estar sujeita à política econômica. É hora de mudar esse paradigma. É a política econômica que deve estar sujeita ao combate à fome e à miséria.”      

E manifestou claramente a sua opinião: “Erradicar os Comitês Gestores seria um grave erro, por destruir uma capilaridade popular que fortalece o empoderamento da sociedade civil; (...) por reforçar o poder de prefeitos e vereadores que nem sempre primam pela ética e lisura no trato com os recursos públicos. O governo não deve temer a parceria da sociedade civil, representada pelos Comitês Gestores.”      

Seu apelo não teve eco. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo federal. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda.


Legado

 
Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma nação com ações comunitárias, voluntárias, enfim, através da mobilização da sociedade civil. Não a mobilização que isenta o poder público de suas responsabilidades ou procura substituí-lo em suas obrigações. As instituições governamentais mantêm parcerias com a Pastoral da Criança e, esta, exige-lhes recursos, participa de comissões e eventos convocados pelo governo, critica-o quando necessário, sem se deixar instrumentalizar por interesses partidários e eleitorais.      

 “Estou convencida” – disse ao público que a escutava numa igreja de Porto Príncipe, pouco antes de falecer sob os escombros de uma igreja no Haiti, de morrer em decorrência do terremoto – “de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente.” E acrescentou: “Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta”, disse ela pouco antes.      

O mesmo ocorre em relação à iniciativa privada. A Pastoral não compactua com simulacros de responsabilidade social, que mais visam ao marketing que à promoção humana, porém aceita parcerias se resguardados os princípios éticos e metodológicos que lhe definem o caráter.      

Lembro que, no início do Fome Zero, a Nestlé decidiu doar uma tonelada de alimentos para crianças. Houve quem, no Planalto, desconfiasse tratar-se de um presente de grego; o objetivo da empresa seria encurtar o aleitamento materno ao acostumar os bebês a ingerir leite em pó. A suspeita não procedia, o que se comprovou ao sugerirmos à Nestlé entregar a doação diretamente à Pastoral da Criança.      

Zilda Arns ensinou que, em se tratando de reduzir as causas da pobreza, deve ser a mais curta possível a distância entre intenção e ação. “A fome é ontem”, dizia Betinho, o sociólogo Herbert de Souza. E, na contramão daqueles que, cheios de bons propósitos, quase nada fazem por se enredarem no cipoal das fontes financiadoras, ela primeiro agia para, em seguida, buscar os recursos.     

Fez da Pastoral da Criança uma extensa e intensa rede de solidariedade. Acreditou na generosidade e na capacidade das famílias beneficiárias, transformou os pobres, de objetos da ação social, em sujeitos multiplicadores de pequenas e capilares iniciativas que produzem grandes e eficientes resultados.      

Ela não repassava dinheiro às famílias atendidas, não fazia promessas, não pedia atestado de pertença religiosa ou preferência política. Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Seu lema, a palavra de Jesus segundo o evangelho de João: “Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (10,10). Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade.       

“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”, declarou Zilda Arns ao encerrar a última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.     

O Prêmio Nobel da Paz merecia esta mulher.

Frei Betto

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