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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Manifesto de uma mãe e professora em prol dos Colégios de Aplicação

Carta escrita por uma mãe de aluno da Eseba, indignada com o descaso dos nossos governantes pela Educação!
 
No início desse ano de 2011, minha família viveu a emoção de ver nosso filho ser sorteado para uma vaga no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Uberlândia - ESEBA/UFU.
Em uma sala grande da Universidade, lotada, pais, mães, tios e avós, torciam. O silêncio da oração era quebrado apenas pelo cantar das centenas, dezenas e unidades, das bolas que saiam de três globos que, a cada giro, fazia o coração parar. A cada sorteio, alguém podia guardar os amuletos e dar vazão à alegria em um sorriso discreto, quase culpado pela sorte, enquanto os outros tantos, muitos, apertavam seus terços, dedos em figa, pés-de-coelho, trevos e se apegavam a orações como única esperança.
Eu quis gritar e não tive coragem quando meu menino foi sorteado. Não sabemos nunca o que serão nossos filhos, mas ali havia a chance de um futuro promissor, com boa educação na certeza de entregá-lo nas mãos de bons profissionais.
E assim, por enquanto, tem sido a sua sorte. Ele tem apenas quatro anos, mas está feliz com a escola e cada dia mais “sabido”.
Sou educadora e sai daquele sorteio com um misto de  alegria e tristeza. Porque uma vaga em uma boa escola pública tem que ser uma loteria? E, depois de trinta anos dedicados à educação, depois de tantas greves, doloridas, espero minha aposentadoria, com um sentimento de impotência.  Porque não há “ESEBA”s para todas as crianças desse país onde, ao começo e fim de todas as gestões, os políticos se ufanam em dizer que vão fazer ou que fizeram pela educação. Palavra que, moeda corrente, banalizada, tem a dimensão de um produto qualquer. E entram e saem governos, o que vemos de saldo no  livro caixa, onde a grafia é contabilista, é o parco investimento no “futuro da nação”.
Meu filho vive já sua primeira greve. Eu tenho 51 anos, dos quais pelos menos 45 vividos dentro de escolas e esse continuísmo é sem dúvida de causar descrença, desconfiança. Sinto uma não vontade em ouvir as explicações e justificativas de nossos representantes com seus lugares-comuns, os quais repetidos à exaustão exaurem as forças de nós, cidadãos, pais e professores que todos os dias, nós sim, fazemos algo pela educação de nossos filhos e alunos.
Com uma réstia de vontade que sobra, eu não peço, denuncio, e talvez, mais uma vez fale para poucos, mas ainda torço e tento, embora a raiva e o desprezo me tentem.
Senhores e senhoras, responsáveis pelo presente e futuro do país, meus representantes, é vergonhoso não pagar os salários daqueles que todos os dias, o dia inteiro, são os que fazem pelo “futuro da nação”. Qualquer discurso político, com o sentido de dizer que a educação é prioridade, é falacioso, diante desse descalabro.
Sim, foi pago, mas depois de deflagrado um movimento de mobilização e sem a garantia do emprego desses e de outros profissionais, pois que não foram autorizadas as contratações.
Senhores responsáveis – presidente, ministros, deputados, senadores, vereadores, prefeitos-, representantes de minha vontade política, ao contrário de tentar se esquivar da manutenção dos colégios de aplicação, pensem em como ampliá-los. Não se equivoquem com esse socialismo torto em querer que todos tenham a mesma chance e, então, se não dá para fazer a todos o melhor, que se divida, em partes iguais, o pior.
Aumentar o número de alunos por professor, não significa dar chances a um número maior de crianças e jovens. Significa, sem dúvida, a precarização de um ensino de boa qualidade. Nós temos assistido essa história e sabemos de suas conseqüências. Não há necessidade de expô-las, pois que estão a décadas sendo denunciadas, inclusive nos discursos daqueles que, quando candidatos, as exploram em seus projetos para um “país do futuro”.
Os colégios de aplicação, onde embora caibam poucos, é a experiência de possibilidades educativas que, de forma direta e indireta, tem representado vislumbre de uma escola séria, de qualidade, que se propõe mais que a alfabetização, formar pessoas de “boa vontade”.Hoje esses colégios já apresentam índices, segundo o  do Ideb/2009, projetados pelo governo para todas as escolas públicas que devem ser atingidos até 2021. O que diferencia esses 17 colégios ligados às Universidades do país é o número de alunos por sala, o regime de dedicação exclusiva dos professores, a política de qualificação dos docentes que têm o compromisso com o ensino, a pesquisa e a extensão.
Contratos periódicos de substitutos levarão ao fim o projeto educacional dos colégios. Profissionais que não têm assegurado seu emprego e o projeto que escolheram, não permanecerão e, se o fizerem, nada garantirá a dedicação que por ora os qualifica. Na educação, é a permanência de professores que cria os laços afetivos de fundamental importância para os educandos e também é o que garante a continuidade de projetos. Na educação não há projetos temporários que dêem resultado. O resultado só é garantido quando o projeto é o da vida de cada um dos educadores. É no cotidiano, de longa duração, que vidas serão compostas com a devida e necessária segurança emocional e intelectual. Em contraposição à fugacidade e à efemeridade da vida moderna, a escola é o lugar do tempo lento porque cada vida é tratada na complexidade subjetiva que só o amadurecimento das relações duradoras entre os profissionais e alunos pode garantir.
Na sala de aula ao lado da de meu filho, de 4 anos, já passaram 5 professoras em uma média de quase duas por mês. Se isso já é um problema sério para alunos maiores, que se dirá, então, para crianças de tão tenra idade?
Hoje, em função da não autorização de contratações de oito docentes, a escola esta vivendo um momento de precarização do ensino. 

Excelentissimos
Senhora Presidente da República Dilma Rusself
Senhor Ministro da Educação 

Com a certeza de que serei ouvida, em função de suas histórias de vida e de suas promessas, espero, eu e todos aqueles que acreditam na boa vontade de vocês, um olhar dedicado e delicado para a questão, e sua pronta e eficaz intervenção.

Transcrevo abaixo, recortes de algumas passagens publicadas, nas quais fica claro que a educação é tema e prioridade do governo atual.

10/02/2011 - 19h59
Educação é tema de primeiro pronunciamento de Dilma à Nação

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff estreia nesta noite, em cadeia nacional de rádio e televisão, o novo slogan de seu governo: "País rico é país sem pobreza". Ela faz seu primeiro pronunciamento à Nação, de 5 minutos e 46 segundos, com ênfase na Educação, aproveitando o momento de volta às aulas em todo o país. "Quero que a única fome neste país seja a fome do saber."
A nova marca do governo foi doada pelo publicitário João Santana e seu assessor, Marcelo Kertz, responsáveis pela campanha eleitoral bem-sucedida de Dilma ao Planalto. Segundo explicou a ministra de Comunicação Social, Helena Chagas, os publicitários não cobraram pelo slogan, que substituirá o "Brasil, um país de todos", do governo Lula.

Dilma destacou que sua "luta mais obstinada" será o combate à miséria. E miséria se combate educando crianças, jovens e adultos. "Nenhuma ferramenta pode ajudar mais a sair da miséria do que a Educação", afirmou.

Ela conclamou a sociedade a se unir em torno da Educação, pela melhoria da qualidade do ensino, por melhor formação e remuneração dos professores. "Esta é a grande hora da Educação brasileira", disse Dilma no pronunciamento.

Ministro da Educação afirma que salário de professor será prioridade no governo Dilma
FOLHA ONLINE 23/12/2010 12h29

O Ministério da Educação do governo Dilma Russef deverá ter participação mais ativa nas questões que envolvem o professor, informou o ministro Fernando Haddad à Folha de São Paulo.
"A novidade é o Plano Nacional de Educação, com 20 metas definidas em 170 estratégias [enviado ao Congresso na semana passada]. Tem foco acentuado no professor. Uma das metas é equalizar o salário com os outros profissionais de nível superior [hoje, há diferença de 60%]."(grifo meu)
 

terça-feira, 7 de junho de 2011

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