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sábado, 1 de maio de 2010

ALUNO ou CLIENTE?



O ensino privado no Brasil vem tornando-se objeto de mercado, e a lógica do capitalismo, ensejado na visão de alguns alunos como clientes, que se colocam numa condição de consumidores, subverte a ideologia de ensino de qualidade.
Estes alunos apresentam uma visão antagônica sobre o ensino e a instituição escolar: querem se formar numa instituição educacional reconhecida no mercado por sua qualidade e, ao mesmo tempo, que esta instituição lhes facilite a vida abrindo mão de suas presenças nas aulas, que os professores façam vistas grossas as “colas” durantes as provas e que, aceitem trabalhos entregues copiados da internet, entre outros.
Atitudes de alguns alunos, observadas em sala de aula:
• Acham que porque estão pagando mandam no esquema da aula, ditam como devem ser apresentados os trabalhos, as provas.
• Exigem seus direitos, como consumidores, mas não cumprem com seus deveres: o professor não pode chegar atrasado, ele, o aluno chega e sai da sala a hora que quiser; o professor tem que respeitar o aluno, enquanto o aluno, durante a aula conversa com os colegas, “lancha”, vende produtos, experimenta roupas, bijouterias, atende celular
• Atitude passiva: pagou pelo “produto” e quer que o diploma lhe seja entregue, sem o menor esforço. O professor é sempre o responsável se ele ficar com nota baixa e ser reprovado.
• Não assume responsabilidade pelos seus atos: estoura em faltas e, no final do semestre quer que o professor “de um jeitinho” e lhe dê presença, mesmo tendo faltado, sem apresentar atestado.
Ensino não é uma mercadoria, “um produto de prateleira” colocado à venda nas instituições de ensino. O nosso maior papel como educadores é formar, antes de tudo, cidadãos. O conceito de cidadania aplicado hoje em dia é amplo, mas existe uma definição básica: ser cidadão é ter o pleno conhecimento de nossos direitos e, também, de nossos deveres.
Uma professora que dá aula em três IES em São Paulo atribui a postura abusiva dos alunos não só ao fato de serem pagantes, mas a uma característica da geração: a falta de responsabilidade e de noção de limites.
Segundo ela “a palavra "cliente" carrega a idéia de passividade, objeto da ação dos outros. Quem vai ao dentista é um cliente que não pode em nada colaborar para que o seu trabalho fique bom. A quem compra um produto, só lhe resta conferir se está de acordo com as especificações. O aluno, não. Ele é o sujeito de sua educação, é o centro da escola, é o ator principal de uma grande epopéia. A escola oferece meios, prédios, equipamentos, biblioteca. O professor deve ter a consciência de que é apenas um facilitador, sua função cresceu em nobreza e, mais que nunca, é insubstituível.
A Professora Claudia Rizzo, da USP, na sua tese de doutorado escreve: “No meu modo de ver trata-se de uma ligeira falta de compreensão sobre pelo que se pagou. O aluno não comprou a instituição, nem o professor e não paga a mensalidade para fazer o que bem entende (e, diga-se de passagem, muitos desses "clientes" não fazem em casa ou no trabalho 10% do que fazem na instituição pois seriam escorraçados de pronto). Ele pagou por um serviço que será prestado por uma instituição autorizada para fazê-lo e que se submete periodicamente a avaliações diversas. Um curso não é algo tirado da cartola. Pessoas se reúnem para verificar que tipo de formação aqueles alunos precisam ter e têm a competência suficiente para determinar os rumos que a instituição e os cursos devem tomar. Para mim, o aluno sempre é bem-vindo para contribuir com sugestões, críticas e questionamentos que fazem com que o processo possa ser continuamente aprimorado. Mas entre isso e achar que tem total autoridade sobre o professor, sobre o conteúdo do curso, das aulas ou sobre a forma como esse professor conduz os trabalhos existe uma diferença abissal. Ou pelo menos deveria haver.”
Cláudia aponta que dentro da universidade o aluno pode ser considerado um “produto em transformação”, ou seja, ele entra na instituição como aluno, mas sai dela como profissional. Ao longo dos anos de estudo, receberá um treinamento que o transformará em um profissional. “Se a IES quiser oferecer ao mercado um profissional altamente qualificado, deverá cobrar desempenho do aluno. Por isso, dentro de sala de aula, ele não poderá ser considerado um cliente. E é dever do professor cobrar desempenho e dedicação do aluno, pois é por meio desse treinamento que ele vai se transformar em um bom profissional”, explica.
O aluno que se considera como cliente tem uma concepção equivocada do que é a educação, pois as instituições de ensino não vendem saber, ou competências.
O que nos anima, enquanto professores, é o fato de que nem todos, em sala de aula, se portam como cliente e sim como alunos e quando passam da condição de alunos para profissionais, bons profissionais, fazem nossa profissão valer a pena.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Hoje sexta feira...

Segue a última parte do texto "Ética e Moral na Escola", de Paulo Ghiraldelli Jr. Desejo a todos uma excelente sexta-feira. Beijos...


O que ocorre na escola quando um aluno desconsidera ou mesmo agride um professor ou outros colegas?

Não se trata de um problema novo quando a questão é moral. Aluno “sem educação”, “sem berço”, como diziam as pessoas no passado, sempre existiu, existe e vai continuar existindo.

Quando os professores reclamam de faltas morais, eles não nos contam nada de novo. O novo seria, então, o possível aumento de atitudes que desconsideram a ética, ou seja, condutas que desrespeitam o que deveríamos seguir no âmbito da esfera pública, levadas adiante por jovens que, uma vez na escola, deveriam ali aprender a como se comportar na esfera pública – pois na esfera privada deveriam seguir os pais, ainda que se possa argumentar que isso não seria interessante diante da “pobreza” ou “do modo que a família estaria se fazendo atualmente”.

Assim, desrespeito verbal ao professor ou aos colegas pode ser um início de uma conduta moralmente indesejável, revelando uma atitude de “falta de modos” no âmbito familiar, e se enquadrando no campo da “falta moral”. Mas esse mesmo desrespeito verbal ao professor, se evoluiu para a idéia de que todo e qualquer aluno que faz a mesma coisa está agindo corretamente, “tem esse direito”, então o indivíduo que assim pensa e age está a um passo de começar a cometer “falta ética”. A escola como um todo, enquanto instituição social – uma instância da esfera pública – é um local em que todos da sociedade legitimaram e assim fizeram legitimando também funções que deveriam funcionar da seguinte maneira: o professor ali dentro é uma autoridade intelectual e moral, e o aluno ali dentro é alguém que, em princípio, deve segui-lo.

Quebrar essas regras não como indivíduo “sem modos”, mas como aquele que subverte o éthos, querendo que na escola não valha mais a autoridade intelectual e moral do professor, isso é uma “falta ética”.

É claro que cada caso é um caso. Leis gerais, sem ter o caso na mão, não valem. O desrespeito ao professor por parte de um aluno precisa ser caracterizado como desrespeito naquilo em que o professor está legitimado, por estar na escola, a fazer. Então, é necessário que tenhamos a história do caso na mão para qualquer julgamento.

Mas, no ponto de partida, devemos saber onde é que há a “falta moral” e onde é que há a “falta ética”. Se não sabemos isso, não saberemos qual tipo de punição aplicar. Pois “falta moral” pode ou não receber punição escolar. Muitas vezes é melhor que receba punição em seu local próprio, no lar. Mas a “falta ética”, nesse caso não: obrigatoriamente ela envolve a punição dada pela escola.

Psicólogos, filósofos da educação e outros, atualmente, confundem isso tudo. Então, aplicando as punições sem qualquer critério, criam pais revoltados, jovens deseducados, escolas fora de sintonia com a vida culta. Essas pessoas vivem dando entrevistas em revistas de educação, reiterando Adão e Eva. No caso, Adão olhou para seu filho como quem poderia deixar a briga acontecer, pois disputa entre irmãos seria disputa entre irmãos – seguindo a idéia de “extravasamento” da moral de Eva. Mas o fim foi o que conhecemos: Caim cometeu uma “falta ética”. No âmbito da cidade, matar é crime.

Suspensão do aluno das aulas e comunicação disso aos pais por causa de que o aluno disse ao professor “seu filho da puta”, pode ser um erro. Não digo que é um erro. Pode ser. Pois “seu filho da puta” pode ser um palavrão que indica uma “falta moral”, poderia ter sido corrigido em casa e, na falta da casa, pelo professor, em uma situação particular, fora da sala de aula – privadamente. Educação é educação moral, também.

Então, o professor, vendo isso, pode tentar entrar nessa seara que, enfim, sempre vai ser privada. Ele pode conversar com o aluno e “dar uma de pai”. Ver em que medida o linguajar, talvez permitido em casa, não seja bom em casa e seja pior fora dela, etc. Há mil e uma maneiras de mostrar, pragmaticamente, a desvantagem do palavrão.

Mas se o aluno monta um esquema ou uma situação para que o professor ou um colega seja visto como um “filho da puta” (uma pessoa sacana, bandida) sem o ser, então há uma falta ética. Pois nesse caso, não se trata do José da Silva, professor, que está sendo atingido, mas o Professor José da Silva.

Nesse caso, a instituição escolar enquanto instituição pode ter um código (de ética) que prevê punições, uma delas seria a suspensão da freqüentar as aulas por alguns dias, e a comunicação disso aos pais.

Se situações de “falta moral” e “falta ética” não são distinguíveis, nem mesmo chamando um filósofo da educação no local, então realmente as coisas vão mal. Daí para o professor e a própria escola perderem a legitimidade social que possuem, é um só passo. Não seria isso o que, em parte, está ocorrendo?

É triste ver que mesmo filósofos, uma vez envolvidos com o ensino, não saibam distinguir isso e tenham dificuldades de falar de ética e moral no âmbito da escola. É triste que eles voltem a culpar o professor ou a inventar frases reacionárias para suas entrevistas em periódicos ou na TV. Isso cansa. Isso poderia parar.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Olá!

Segue continuação do artigo postado ontem: "Ética e Moral na Escola".

MORAL PRIVADA E MORAL PÚBLICA:
A sociedade dispõe de parâmetros compartilhados (moral) que organizam as relações entre os indivíduos. Uma pessoa honesta é aquela que não mata, não rouba, não jura em falso, não mente. No entanto esta é a moral particular, pessoal, que organiza a vida privada.
A moral pública supõe uma maturidade humana e de atitudes que capte as situações como um todo, que preveja uma solução e suas conseqüências sociais e humanas a longo prazo.

Os objetivos mínimos da política são a ordem pública interna e a defesa da integridade nacional nas relações com os demais estados. Entretanto, a ética política não se contenta com uma honestidade moral genérica. Exige uma honestidade moral específica determinada pelo bem moral que é a democracia. Este bem humano cria para todos os humanos, sem exclusão, um espaço de liberdade e auto-realização.
Para um político não bastará ser honesto, deverá ser capaz de ações pautados pela prudência, pela justiça, pela temperança e pela fortaleza, para que, na vida pública possa reivindicar a democracia. Onde os homens sejam atores e não súditos. Onde o estado seja constitucional e os direitos de liberdade sejam assegurados.
A Ética Política não pode se fundamentar apenas na honestidade pessoal, mas em regras de jogo válidas para todos. Os ideais de liberdade, dignidade e solidariedade esbarram em egoísmos, conflitos e violências, pois uma parte da população ainda rejeita sua própria contribuição para a vida da comunidade. A contradição entre o ideal e o possível pode ser equacionado atribuindo um sentido humano à política, onde o homem seja um fim e não uma coisa ou um meio. Ela estará, então, em função do homem e de sua realização como tal.
Os gregos podiam gravar éthos com a letra “eta” (Ё) e com a letra “épsilon” (Â). No primeiro caso, éthos significava costumes e hábitos; no segundo caso, costumes e hábitos também, mas acrescida da idéia de comportamentos associados ao temperamento.

Sabemos que a vida individual dos gregos em nada se parecia com a nossa. A vida democrática deles também não era como a nossa vida democrática. Eles viviam na pólis e para a pólis. Mantendo uma “unidade” com a cidade, seus hábitos particulares, do âmbito privado, se fundiam com seus hábitos coletivos.

Sendo assim, regras de conduta coletivas e individuais se aproximavam muito. O temperamento, algo do indivíduo, seria o elemento diferenciador.

No nosso caso, nossa vida democrática tem a ver não somente com o governo do demos, do povo, como na Grécia. Nossa democracia se articulou com a doutrina moderna do liberalismo, a idéia de “viver e deixar viver”, a idéia do comércio livre, do ir-e-vir livre, a idéia da tolerância (religiosa e de outros tipos) e, enfim, o apreço pelas “liberdades e garantias individuais” diante de poderes coletivos, como o poder emanado do demos no comando da política.

Nossa democracia liberal, portanto, pressupõe uma cidade onde a vida individual se põe diante de seu Outro, a cidade moderna. Daí que regras coletivas e regras individuais não diferem apenas por conta de “temperamento”. Diferem por uma série de outras razões, inclusive, por exemplo, pelo fato dos habitantes da cidade, os cidadãos, poderem ser de nacionalidades diferentes – a cidade moderna contém, digamos assim, “gregos” e “bárbaros” com título de cidadania. Assim, apreendemos uma palavra distinta de éthos para denominar costumes e hábitos que são do âmbito do individual e do privado. Usamos a palavra latina mores. Daí a palavra “moral”.

Portanto, ética tem a ver com regras postas para nós todos enquanto habitantes da cidade, enquanto transeuntes no interior da esfera pública; e moral tem a ver com as regras postas para nós em nossa vida individual, familiar, íntima – quando somos transeuntes da esfera privada. Por isso mesmo, problemas relativos a relações conjugais e sexuais são ditos problemas morais, enquanto que problemas de corrupção de governo são ditos problemas éticos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Boa tarde!

Hoje vou iniciar a postagem de um texto que considero relevante para reflexão no âmbito escolar: "ÉTICA E MORAL NA ESCOLA" escrito por Paulo Chiraldelli Jr. Como o texto é longo vou dividí-lo para ficar menos cansativo a leitura.

Desejo um bom final de tarde a todos e uma ótima noite.Beijos...


ÉTICA E MORAL NA ESCOLA

Texto de Paulo Ghiraldelli Jr

É comum pensar que ética e moral são sinônimos. No entanto é possível diferenciar os dois significados. Moral identifica um modo de agir humano, regido por normas e valores, por hábitos e costumes.
A moral se relaciona com o comportamento prático do homem.
Ética é uma reflexão teórica que analisa, critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. Por mais que variem os enfoques filosóficos ou as condições históricas, algumas noções, mesmo que abstratas permanecem firmes e consistentes na ética. Uma delas é a questão de distinguir entre o bem e o mal.
Agir eticamente é agir de acordo com o bem. Definir o que é bem e o que é mal é um outro problema, no entanto, ética é a escolha pela qual se exclui ou se opta pelo bem ou pelo mal.
Pessoa ética é aquela que pauta seu comportamento optando sempre, ou seja, age consciente de suas escolhas e se responsabiliza por elas.
Ética não é uma especulação idealista do discurso abstrato. É uma ciência prática, que trata de questões práticas, da ação, não apenas do discurso. Supor que os homens e as mulheres possam fazer suas escolhas e se responsabilizar por elas, implica em admitir que o ser humano é livre.
A ética nos lembra normas e responsabilidades. Se podemos obedecer uma norma, supõe que também possamos desobedecê-la.
No entanto, a ética não é a descrição do comportamento, é a reflexão sobre o comportamento que se deve ter na vida privada e na vida pública.
Esta reflexão gera angústia, que é a experiência humana de ser livre. Experiência de optar e ter que optar. Não só a angústia diante do mal, mas também a que sente diante do bem, quando optou pelo mal.
A ética se preocupa com as formas humanas de resolver as contradições entre a necessidade e a possibilidade, entre o individual e o social, entre o econômico e o moral, entre o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural e entre a inteligência e a vontade.
Estas contradições brotam do fato de que o homem não é o que apenas é, ele precisa tornar-se um homem realizando em sua vida a síntese das contradições.

terça-feira, 27 de abril de 2010

SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO ESCOLAR



FORMAÇÃO CIDADÃ - UMA EXIGÊNCIA NA EDUCAÇÃO

A Constituição Federal do Brasil de 1988 que promulgou o Estado Democrático de Direito, aponta para uma educação pautada na formação cidadã.
A escola como campo de possibilidade nesta perspectiva de educação, deve buscar estratégias de ação junto à comunidade escolar para viabilizar o processo de construção da cidadania.
A proposta de educação ora apresentada sugere à escola a absorção de profissionais de outras áreas, além daqueles vinculados ao magistério, ampliando a visibilidade aos fatores que incidem no processo educativo, entre os quais as questões sociais, que constitui o foco do Serviço Social, daí ser essencial na dinâmica escolar, o profissional de Serviço Social, ou seja, o Assistente Social.
O Serviço Social, situando-se na abordagem das relações sociais, deve se revelar no âmbito escolar articulando a comunidade escolar – educadores, educandos e a sua família -, a partir da intervenção nas relações sociais nela existentes no sentido da tomada de consciência de que as questões sociais permeiam o processo educacional e, portanto, merecem um “olhar profissional” e, por conseguinte, uma “ intervenção profissional”.

Escola de Aplicação - Universidade Federal do Pará

ABEPSS divulga a Política Nacional de Estágio em Serviço Social



Elaborado coletivamente, o documento tráz os princípios norteadores para a realização do Estágio em Serviço Social com qualidade para a formação profissional.
Leia em http://www.cfess.org.br/

Bom dia a todos!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

“Cultura, formação docente e cotidiano escolar” é tema de seminário na ESEBA


Com o objetivo de socializar as experiências de pesquisa e ensino entre docentes da rede pública e particular, o Núcleo de Pesquisa sobre Práticas Escolares da Escola de Educação Básica (NUPEPE/ESEBA) realiza nos dias 21 e 22 de maio, no Anfiteatro da ESEBA, o seminário “Cultura, formação docente e cotidiano escolar”. A programação prevê apresentações culturais, debates, comunicações de pesquisa e relatos de experiência em sala de aula.


Para os pesquisadores interessados em apresentar trabalhos a inscrição e o envio de resumo devem ser efetivados até o dia 28 de abril. Aos demais participantes o período para confirmar presença se estende até o dia de início das atividades.


As inscrições devem ser feitas pelo site da ESEBA (www.eseba.ufu.br). A taxa é de R$ 15 para estudantes e R$ 30 para profissionais.

domingo, 25 de abril de 2010

FORMANDO CIDADÃOS



"As primeiras vítimas da má educação dos filhos são os próprios pais. Os primeiros beneficiários da boa educação dos filhos também são os próprios pais." (IçamiTiba)

A família não está em extinção e nem é uma instituição falida. Acredito na família e tenho certeza que muitas pessoas também acreditam. O que anda acontecendo então com a família tradicional? Esta é um pergunta difícil de responder, mas se tivermos condições de fazermos uma análise sobre a família perceberemos que a família hoje tem várias ramificações: família tradicional: pais, filhos e netos; família de pais separados: onde os filhos moram ou com a mãe ou com o pai, ou a inda cada semana na casa de um ou às vezes ficam perdidos na criação de avós ou parentes próximos; Famílias formadas por casais de homossexuais: neste caso, por não poderem ter filhos naturais, alguns desses casais fazem opção para a adoção. (No Brasil esta prática além de não ser comum, não tem apoio da leia, autoridades e pouca parte da sociedade aceita esse conceito de família) E muitas outras.

Os conceitos sociais ao longo de décadas vêm se modificando conforme o interesse da vida humana. Se essas modificações são certas ou erradas, não vamos entrar no mérito da questão. Mas algumas modificações chocam e confundem a cabeça em formação dessa nova geração e até mesmo das pessoas mais maduras, ou que julgamos mais vividas. O mundo mudou e realmente as relações de trabalho refizeram as relações familiares. As relações interpessoais sofreram o impacto dos novos costumes e das novas tecnologias. Foram as mudanças no mundo que geraram uma nova relação nas famílias. As pessoas hoje não são iguais às pessoas ontem.

É freqüente ouvir os pais comentarem que os filhos saem de casa nos dias de hoje no horário em que eles estavam chegando. Muitos pais ficam indignados quando os amigos dos filhos invadem sua casa sem sequer cumprimentar. Os professores por sua vez queixam-se da indisciplina, das notas baixas, do desinteresse pelas aulas. Muitos ainda jogam lixo pelas ruas, deixam banheiros imundos, não sabem regular o alimento, deixando sobrar comida nos pratos.

Na classe média instalou-se um forte consumismo e os adolescentes só se sentem aceitos no seu grupo de referência quando vestem roupas de marca, compram o tênis do momento. Somos condicionados a uma vida voltada ao consumo e à satisfação básica de nossa animalidade: comer, beber; vestir, ter luxo e conforto etc.

Os pais encontram dificuldades em colocar limites nos filhos. Foram criados com rigidez, sem diálogo, onde a criança não tinha vez e nem voz dentro da família. Hoje os pais querem dar aos filhos o que não tiveram.

Certamente as crianças e os adolescentes de hoje não conseguem imaginar como os seus avós viviam sem fax, telefones celulares, Internet. Os recursos tecnológicos e os canais de comunicação mostram extraordinárias transformações, mesmo assim, grande parte dos dilemas e queixas entre as gerações permanece: quartos desorganizados, objetos deixados por toda a casa, brigas entre irmãos e desobediência, são queixas apontadas pelos pais pelo menos há três décadas.

Em nossos lares a TV equivale a uma vitrine, não só pela gama de produtos de consumo que oferece, mas em especial enquanto meio de controle ideológico por parte de grupos econômicos e do próprio governo representativo da elite dominante.

Fazendo inadvertidamente o jogo dessa ideologia, os pais percebem-se como bons ou amorosos com seus filhos ao procurar dar-lhes tudo materialmente. As pessoas de parcos recursos financeiros, evidentemente, igualmente são solicitadas a consumir. E não podendo fazê-lo, embora estimuladas pelo jogo ideológico, sentem-se falidas ou desvalorizadas, tanto no que se refere à sua capacidade de consumo quanto ao desejo de possuir. Nesses casos, qualquer objeto que sugira ou dê um mínimo prazer é visto como indispensável.

As crianças e os jovens são os alvos preferidos na criação de novas necessidades pela mídia. Incapazes de entender o significado da TV e o propósito da propaganda passam a desejar tudo o que lhes é apresentado, crescendo assim hipersensíveis ao prazer. É o que denominamos de neofilia que é a afinidade irresistível com tudo o que aparece como novidade resultante da doutrinação das massas.

A neofilia é a patologia social de nosso tempo. Nem é preciso detalhar nossa sensação quando entramos em um hipermercado. Somos condicionados a tornarmo-nos dependentes, ou seja, adictos a um considerável número de produtos. Temos assim em nossos meio dependentes de roupas, livros, sapatos, aparelhos eletrônicos, comida, bebida. Vivemos na sociedade em que o valor prioritário é ter posse de coisas, objetos e pessoas. O indivíduo é classificado pela marca de sua roupa, pelo cargo que ocupa, pelo carro que possui, o tipo de trabalho que desempenha ou a quantidade de pessoas as quais dirige. Ter é ser tornou-se o valor da sociedade de consumo e, se não podemos, de imediato, ter algo desejado, já que a ideologia do consumo em nada facilita o aprendizado da espera e do adiamento de ganhos, seus patrocinadores nos oferecem esse algo em "suaves prestações".

Dessa maneira, os objetos têm um "valor" maior do que o humano. O homem é valorizado pelo que possui e, por isso, corre o risco de, nessa sedução, transformar-se em um ser-coisificado. Para se identificar com o seu meio, ele precisa, cada vez mais, ter. Caso não se pos¬sa ter, há o risco até de se querer tirar de quem tem. Isso acaba ocor¬rendo com pessoas de todas as classes sociais, solitárias e ensimesmadas, desejosas ou apegadas a objetos como forma de esconder suas cri¬ses, ou seja, vivendo em alienação. Em seu mundo interno, estão distantes de si mesmas e, quanto ao mundo externo, ausentes de sua realidade social.

Os pais hoje correm os riscos de caírem nesta armadilha e educar os seus filhos como consumidores e não como cidadãos. O modelo do homem "consumidor" é de certa forma limitada (para dizer o mínimo!). É necessário, portanto, reconhecer a importância do modelo "cidadão" dentro do qual não caberia esse modelo de "consumidor". Participar como membro ativo de sua comunidade não significa ter que parar de fazer escolhas individuais de consumo entre as várias opções apresentadas. Pelo contrário, a remoção das escolhas torpes (tais como aquelas que visam lucros, bens ou direitos à custa dos trabalhadores, das famílias, dos pobres, da natureza) tornará nossas opções potencialmente enriquecidas.

Importante destacar também o papel que o modelo "cidadão" exerce sobre aqueles que o praticam e como ele pode enriquecer nossa vida social e pessoal. A ação através de instituições participativas alimenta e fortalece uma espécie de "ânimo público". Os cidadãos, em virtude de tomarem decisões coletivas tendem a levar em consideração os interesses dos outros tanto quanto os seus próprios, bem como pesar o impacto que suas possíveis decisões irão provocar nos outros, na sociedade e no meio ambiente. Isto significa, pela sua própria natureza, um processo educativo onde todos saem ganhando no desenvolvimento de suas habilidades críticas aperfeiçoando e expandindo suas definições de auto-interesse considerando a si próprios como parte da sociedade e do eco-sistema tanto quanto indivíduos. O modelo "consumidor", pela sua própria natureza, exclusivamente orientado pelo privado e pelo dinheiro proporciona pouco ou nenhum desenvolvimento às faculdades das pessoas, as quais tendem colocar seus interesses mesquinhos pessoais e imediatos como o guia que orienta direta ou indiretamente suas ações "racionais".

Estamos formando cidadãos aptos para enfrentar estes desafios e superá-los de forma criativa e humanista ajudando a construção de uma nova sociedade ou, simplesmente, formamos diariamente nas escolas e universidades meros reprodutores do conhecimento posto, peças humanas (seres humanos egoístas e sem capacidade de reflexão), para uma máquina enferrujada.

O objetivo do modelo "cidadão" não é "substituir" o modelo "consumidor", mas apenas aperfeiçoar o ambiente social onde fazemos nossas escolhas de consumo individual. O que o modelo "cidadão" deseja é colocar tais decisões sob uma estrutura social (não mercantil), de tal forma que todos tomem parte ativa em proporcionar qualidade de vida para todos pela remoção da "Lei de Gerson" tanto quanto possível.

Por isso a escola ganhou um papel decisivo. Abrir os olhos para educar nossos jovens com ética e solidariedade, formando-os como cidadãos autônomos e conscientes de seu papel social, é obrigação fundamental nos dias de hoje. As escolas devem preparar seus alunos para o exercício da reflexão e da crítica, da gestão democrática e participativa, desenvolvendo habilidades que, além de privilegiar a informação, enfatizem o conhecimento, a autonomia, a capacidade de tomar decisões, o trabalho em grupo, a polivalência, a flexibilidade etc., formando cidadãos íntegros e preparados para os desafios de seu tempo.

Através da ação das escolas e de seus educadores, comprometida e em parceria com as famílias, poderemos abandonar o discurso conservador da crise que nos levaria à catástrofe e abraçar a vanguarda da transformação, que oferecerá às futuras gerações um horizonte de muitas possibilidades.

Odete Dan Ribeiro

Boa Noite!


EM CONSTRUÇÃO
Este Blog está sendo construído com a ajuda da minha irmã Marineide, ou Neide para a família e Márcia para os amigos. Peço a compreensão de todos pelos erros e acertos porque sou ainda muito leiga nesse exercício de blogueira, mas como boa capricorniana que sou, eu chego lá!! Desejo uma boa semana para todos.




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