Estou indo passar o Natal com minha mãe, minhas irmãs e sobrinhos em São José do Rio Preto/SP. Deixo aqui o meu beijo carinhoso a todos/as!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Então é Natal!
Estou indo passar o Natal com minha mãe, minhas irmãs e sobrinhos em São José do Rio Preto/SP. Deixo aqui o meu beijo carinhoso a todos/as!
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
O Espiritismo e a Universidade - Por Dora Incontri
Se os acadêmicos espíritas brasileiros compreenderem de
fato a que vem o espiritismo, perceberão que o pensamento espírita – assumido
como uma visão de mundo, um método de conhecer e, portanto, um novo paradigma –
é justamente uma possibilidade original de filosofar, de fazer história ou
ciência. E essa originalidade pode ser uma contribuição espírita à cultura
brasileira e, ao mesmo tempo, uma contribuição brasileira à cultura
internacional. Mas ela precisa ser construída. Está implícita em Kardec, mas
longe de estar aplicada (com todas as suas articulações) nas várias áreas do
conhecimento. E essa construção só pode ser feita na universidade. Em minha
tese de doutorado Pedagogia espírita, um projeto brasileiro e suas raízes
histórico-filosó ficas (USP, 2001), procurei fazer isto. Não significa jogar
fora as conquistas de 2500 anos de desenvolvimento filosófico e científico (que
vêm desde os gregos), apenas para sermos originais.
Aliás, o próprio espiritismo – poderão alegar – é uma
doutrina importada da França, com antecedentes e condicionamentos históricos.
Mas, encarando essa herança como parte constitutiva de nossa cultura (pois é
isso que se tornou) e buscando articular o pensamento espírita na sua
coerência, originalidade e com nossa pitada de brasilidade, faremos o que nos
compete para que o espiritismo dê a sua contribuição ao mundo.
O Brasil é atualmente o único país que pode fazer isso, se abdicarmos da colonização intelectual, pois foi na Europa e nos EUA que os estudos espíritas foram silenciados. Na educação, fiz isso, mostrando que as raízes da pedagogia espírita vêm desde Sócrates e Platão, passando por Comenius, Rousseau e Pestalozzi, para desembocar
À coragem moral, deve-se aliar a competência, porque é
preciso estar muito bem fundamentado para se fazer validar, ou pelo menos
respeitar, algo fora do sistema. Estar fora do sistema explica-se em países
onde o espiritismo desapareceu. Mas onde ele criou raízes e tem convicções
entre pesquisadores, por que mantê-lo afastado da universidade, como se fosse
suspeito?
O momento é propício e urgente para abrirmos caminho. Propício, porque podemos alegar que a representatividade social e cultural que o espiritismo adquiriu na sociedade brasileira lhe dá o direito de ser representado na universidade, como um discurso científico, ou ao menos filosófico. Se não nos deixarem fazer isso, então se trata de patrulhamento ideológico, que devemos denunciar. Urgente, porque, em benefício do próprio espiritismo, temos de compreendê-lo e praticá-lo como fermento cultural, para mudar as estruturas do pensamento humano e não apenas como mais uma religião que distribui passes, sopa e água fluida. Temos de fazê-lo, como queria Kardec – ciência, filosofia, ética racional, religiosidade universal, de forma competente e bem articulada – o que é indispensável para enfrentarmos a crítica de fora, mas impossível, se ficarmos fechados em nós mesmos.
Espanta-me que intelectuais espíritas, que deveriam compreender o espiritismo como um novo paradigma de conhecimento, o adotem apenas como credo religioso. São cientistas na universidade e espíritas no centro espírita, como se freqüentassem mais uma igreja, sem nenhuma conexão com suas vidas de pensadores e pesquisadores. Apenas se vencermos essa covardia ou cegueira, o espiritismo cumprirá sua missão histórica, que não é a de fazer proselitismo, mas de oferecer uma alternativa de visão de mundo respeitável e reconhecida, que se faça valer nesse espaço tão rico e antigo como a universidade, recuperando- a como um lugar de debate plural para enfrentar os desafios deste milênio.
Fonte: http://universidade-espirita.blogspot.com/2008/11/o-espiritismo-e-universidade-por-dora.html
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes – Morto a facadas em Universidade de Belo Horizonte.
Alguns meses atrás eu escrevi, neste espaço, sobre “O Aluno
Cliente”, onde faço algumas reflexões como estas, que o Professor Igor escreve
aqui, com muita propriedade.
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de
casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte , um
estudante processa a escola e o professor
que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem
bem: o alegado "dano moral" do
estudante foi ter que... estudar!).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças
constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno.
O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua
vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas
eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos
ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada.
A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à
autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência
supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas
que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que
traumatiza".
A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha".
Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos
alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno
"construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando
bem, "é
o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...
o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação
geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a
todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade",
"temos que mudar `tudo isso que está aí'; "mais importante que ter
conhecimento é ser `crítico'."
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável
de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os
problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e,
pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve
algo".
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou
uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor.
Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos
os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla
defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito
mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a
ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do
homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao
célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo
da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende
relativizar tudo e todos,equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que
romantizam a "revolta dos oprimidos"e justificam a violência por
parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do
politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no
histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para
tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e
doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem
tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos
alunos";
freqüentados por alunos igualmente sem condições
de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de
diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o
conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente,
cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que
não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais
do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus
alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do
IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu
"tantos por cento";
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham
pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega
deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e
moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo
paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve
promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito
às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um
ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os "cabeça – boa" que acham e ensinam
que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho
decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se
tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em
troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos
políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores
que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que
impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os
professores sejam "promoters" de seus cursos:
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas
desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão
quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos
incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos
-clientes serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e
totalmente despreparados,tanto tecnicamente para o exercício da profissão,
quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de
grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial
arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de
"o outro".
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica,
hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota
baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se
me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema.
Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha,
paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu
queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão.
Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo."
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer
motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no
professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É
hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e
invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas
escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de
seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor
Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutorem Direito. Professor
universitário.
Advogado – Doutor
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