Hoje é quarta-feira de fogo, mas eu não vejo a hora de
chegar a quarta-feira de cinzas.Não, não é que eu seja inimiga do carnaval.
Inclusive já brinquei muito: em clubes, nas prévias, nos
blocos.... fui até à Olinda em plena terça-feira de carnaval... Portanto, vou
falar com conhecimento de causa. E, como um véu que se descortina, como uma
máscara que cai, gostaria de revelar algumas verdades que encontrei por trás da
fantasia do carnaval.
A primeira delas: o brasileiro adora carnaval. Não acredito.
Na paraíba, por exemplo, o maior bloco de arrasto disse ter registrado cerca de
400 mil foliões no desfile do ano passado. Mas, a população paraibana conta com
mais de 3 milhões e 600 mil cidadãos. Portanto, a maioria da povo não foi para
a rua ou por que não gosta de carnaval ou por que não se reconhece mais nessa
festa dita popular.
Segunda falsa verdade: o carnaval é uma festa genuinamente brasileira. Não, não é. O carnaval, tal como o conhecemos, surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Quarta falsa verdade: É uma festa popular. Balela! O carnaval virou negócio – dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadás caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquele roupinha colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não. E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval, uma festa democrática. Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora dela para garantir o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por "hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e similares que eu nem ouso citar.Fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra quebra.
Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe de família precisa socorrer um filho doente? Quando um trabalhador está infartando? Quando um idoso no interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame? Me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e, no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho....Se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua. Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados?
Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou
invalidez decorrentes desses acidentes? Quanto o poder público desembolsa com
os procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um
carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada? Isso sem falar na
quantidade de DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é
permitido!
Eu até acho que o carnaval já foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.
Rachel Sherazade,
jornalista e apresentadora do jornal Tambaú Notícias da Paraíba. http://twitter.com/ rachelsherazade
Assista ao vídeo em: http://www.youtube.com/watch? v=xY2BSJ6Xttg
Assista ao vídeo em: http://www.youtube.com/watch?
OBS: Notícia recebida
através de e-mail enviada pela Profª Cláudia
Nenhum comentário:
Postar um comentário